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Colapso nas Colonias de Abelhas

  • Foto do escritor: Paulo Zambroza Oliveira
    Paulo Zambroza Oliveira
  • 16 de jun. de 2015
  • 7 min de leitura

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Distúrbio do colapso das colônias

O distúrbio do colapso das colônias (em inglês, Colony Collapse Disorder, CCD) se refere à dizimação em massa de populações de abelhas, atualmente ocorrendo em diversos países. O CCD é provavelmente efeito de uma combinação de fatores, especialmente perda de habitat, doenças e uso de certos agrotóxicos, especialmente inseticidas de uso agrícola.


No inverno de 2006/2007 a doença afetou as abelhas estadunidenses. De acordo com a USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, na sigla em inglês), cerca de 30 e 60% das abelhas sumiram na Califórnia (oeste) e mais de 70% em algumas regiões da costa leste e no Texas (sul).1Um fenômeno semelhante está sendo observado por apicultores europeus em Bélgica, França, Países Baixos, Polónia, Grécia, Itália, Portugal e Espanha. Em vista disso, aComissão Europeia tem tentado suspender temporariamente a aplicação de alguns agrotóxicos neonicotinoides mas enfrenta o forte pressão dos fabricantes.3Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), as abelhas, sobretudo as silvestres, polinizam 71 de pouco mais de 100 culturas que respondem por 90% da oferta global de alimentos.3 4Nos Estados Unidos, a polinização das plantações por abelhas e outros insetos contribuiu com 29 bilhões de dólares na receita dos produtores agrícolas em 2010.


No Brasil

Em julho de 2012, dada ocorrência de vários casos de CCD no Brasil, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) proibiu temporariamente a aplicação de quatro inseticidas - o fipronil, que é um pirazol, e três neonicotinoides (imidacloprida, clotianidina e tiametoxam) - em lavouras que recebem insetos polinizadores, pois os neonicotinoides funcionam como neurotoxinas que interferem no sistema nervoso dos insetos, prejudicando o olfato e a memória, elementos essenciais para a manutenção das colmeias.3 6 Posteriormente, por pressão do poderoso lobby do agronegócio, o Ibama teve de ceder e baixou duas instruções normativas com a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Essas instruções enfraquecem a medida anterior. A primeira delas, de outubrode 2012, liberou a pulverização aérea dos quatro agrotóxicos, e a segunda, publicada no início de janeiro de 2013, flexibilizou ainda mais a medida original, apenas protegendo a floração.


Pouco depois, em fevereiro de 2013, na região de Dourados, Mato Grosso do Sul, um apicultor relatou que suas 70 colmeias (onde quase 3,5 milhões de abelhas produziam mais de 1 tonelada de mel ao ano) entraram em colapso, no curso de poucos dias. O caso está sendo investigada pelo governo do Mato Grosso do Sul mas, segundo Osmar Malaspina, professor do Instituto de Biociências da UNESP Rio Claro, São Paulo, "há forte suspeita de que a morte das abelhas tenha sido provocada pela aplicação de uminseticida da classe dos neonicotinoides em um canavial".


O imidacloprido é um campeão mundial de vendas no mercado de inseticidas. Foi desenvolvido nos anos 1970 pela Shell e, na década de 1980, pela Bayer. As vendas globais estimadas de imidacloprido totalizam pouco mais de 1 bilhão de dólares por ano. O segundo lugar em faturamento cabe ao tiametoxam, da Syngenta, com mais de US$600 milhões ao ano.


No Brasil não existe avaliação sobre colapso ou contaminação de colmeias. Existem muitos casos registrados em vários estados, como o Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas e São Paulo. Todos ligados a produção de colmeias localizadas nas cercanias de áreas agrícolas, como soja, cana ou milho. O presidente da Federação Internacional de Apicultura, Gilles Ratia, diz que no Brasil em função do uso indiscriminado de agrotóxicos a perda das colônias atinge 5 a 6%, das cerca de dois milhões de colmeias consideradas, um número em torno de 350 mil apicultores. Esta é uma atividade da agricultura familiar no Brasil, e o grande crescimento ocorre no nordeste, onde a atividade cresceu 290% nos últimos anos. O Piauí é o segundo produtor nacional de mel, com quase cinco mil toneladas, atrás do RS, que produz quase oito mil toneladas. Os dados são do SEBRAE, de 2009.


Perde o rumo

Entretanto, nos países desenvolvidos a taxa de mortandade por contaminação de agrotóxicos alcança 40%, segundo Gilles Ratia.

A abelha “apis mellifera” é a espécie mais usada na polinização, principalmente das culturas comerciais. É um inseto social, que trabalha coletivamente e de forma organizada. É capaz de voar quase três quilômetros em volta da colônia. Ela avisa suas companheiras sobre o local onde está a fonte de alimentação, através de uma dança circular, e também por contato olfativo. Qualquer interferência nesse processo, ela perde a referência, não informa suas companheiras e, como está acontecendo agora, não memoriza o local da colmeia. Perde o rumo.


É conhecido internacionalmente o poder de fogo dos venenos usados nas plantações comerciais. O objetivo deles é atingir o sistema nervoso dos insetos. Por um motivo simples: eles foram fabricados para matar humanos, e o ponto central, era atingir o sistema nervoso. O sujeito contaminado entra em convulsão e morre rápido. O veneno penetra no espaço entre as células e acelera o processo, devido à transmissão contínua e descontrolada dos impulsos nervosos. O sistema nervoso central entra em colapso.


O Brasil que é o campeão no uso de agrotóxicos com mais de um milhão de toneladas de consumo, sem contar o que entra contrabandeado. Até a aprovação da lei que regulamenta o uso desses venenos em 1989, as indústrias registravam os produtos com uma facilidade enorme, inclusive muitos já proibidos nos países de origem das mesmas empresas, como Estados Unidos e Alemanha. Aliás, ainda durante a ditadura, quando ocorreu a ocupação do Centro-Oeste e parte da Amazônia existia um Plano Nacional de Defensivos Agrícolas. O agricultor que procurava crédito rural destinava 20% na compra de insumos técnicos, como fertilizantes, venenos e sementes industriais.


Flores em Nova Friburgo

Agora, há quase três anos a ANVISA tenta reavaliar 14 princípios ativos desses agrotóxicos. Conseguiu banir um (tricloform), e outro já proibido em vários países – metamidofós -, está para ser banido. Mas o SINDAG, que representa as maiores indústrias recorreu na justiça, e nove ainda estão impedidos de ser reavaliados. Incluindo o glifosato, que foi aprovado como um agrotóxico classe IV, de baixa toxicidade.Para completar o caso do sumiço das abelhas, vou citar alguns dados do trabalho de mestrado em saúde pública da pesquisadora da Fiocruz, do Rio de Janeiro, Marina Favrin Gasparini, sobre trabalho rural e riscos socioambientais, na região de Nova Friburgo, onde aconteceu a tragédia conhecida, com o desmoronamento de parte da serra. Ela morou na região e fez a pesquisa, entrevistando muitos produtores, todos pequenos, propriedades em média de 1 a 12 hectares, após o acidente. A região serrana do Rio de Janeiro é o segundo maior polo produtor de flores do país, atrás de Holambra, em São Paulo. Também é um dos maiores na produção de hortigranjeiros, como tomate e couve-flor.


Tem um dos maiores índices de aplicação de agrotóxicos por área e por trabalhador, é cinco vezes maior que a média do Sudeste e 18 vezes a média do estado- 56,5kg por trabalhador rural/ano. Segundo levantamento da empresa de pesquisa agropecuária do Rio – PESAGRO -, dos 32 agrotóxicos mais usados, 17 sofrem restrições em outros países, oito já foram proibidos. “Elevados índices de contaminação ambiental e humana foram encontrados nessa região, como decorrência do uso intensivo destes agentes químicos”, registra a pesquisadora.


Rosa fluminense envenenada

Começando pelo deslizamento, dos 657 pontos vistoriados na região serrana pelo Ministério do Meio Ambiente, 92% já tinham sofrido algum tipo de alteração, somente 8% mantinham mata nativa original. A produção de flores iniciou em Nova Friburgo na década de 1950, por descendentes de suíços e alemães que ocuparam a região desde 1819. Mas ganhou forma depois dos anos 1970, quando a Holanda, maior produtor mundial de flores – 85% da Europa -, começou a implantar polos nos países latinos. Casualmente, logo depois que o livro de Rachel Carson sobre os efeitos dos venenos no ambiente e para a saúde humana foi publicado. A Holanda, se considerarmos o uso de agrotóxicos per capita e por área, é a campeã no uso.As flores mais produzidas são de clima temperado – rosa, crisântemo e palma. Mas outras 30 variedades são produzidas. Também mudas de rosa. Com toda a beleza, a cultura da rosa é a que mais aplicações recebe. No mínimo, uma por semana, no verão, quando os insetos e fungos atacam mais, de duas a três aplicações por semana. Trata-se de uma produção familiar onde todos os membros da família estão expostos. Os produtores, em função do envolvimento intensivo na produção e comercialização, compram os produtos dos representantes da indústria ou das casas comerciais da cidade. Ganham em troca análise de solo baratinho, ou de graça.


Não reconhecem o risco de usar os agrotóxicos. Vários dos entrevistados sentiram problemas de contaminação, mas não chegam a registrar o caso. Procuram atendimento médico em último caso. É assim em todo lugar. A indústria além de fabricar o veneno, ainda joga no usuário o problema da contaminação. É sempre ele o culpado. Nova Friburgo é cortada por três rios e está integrada em duas zonas de conservação permanente- Macaé de Cima e o Parque Estadual Três Picos.


Pegando esse gancho, vou sugerir aos sambistas da Vila Isabel, que receberam R$3,5 milhões da BASF, para produzir o samba enredo campeão do carnaval carioca de 2013, que se inspirem em outro tema para 2014. Quem sabe: “a rosa fluminense envenenada”. A BASF comemorou como ninguém o campeonato do carnaval. O patrocínio “faz parte de uma estratégia maior da companhia em ações de valorização do produtor rural, conseguimos levar nossa mensagem a uma audiência enorme”, como declarou ao site da empresa, o vice-presidente da Unidade de Proteção de Cultivos, Maurício Russomano, como eles chamam a unidade que vende inseticidas, fungicidas e herbicidas, e faturou em 2011, 4,1 bilhões de euros. Ela é líder mundial na venda de “defensivos agrícolas”, como eles chamam os venenos. Veja mais aqui!

Em 28-11/2013 o Globo Rural mostrou que a safra do mel está no início no estado e os apicultores já estão preocupados com prejuízos. Alguns produtores dizem quem encontraram caixas vazias ou com abelhas mortas. Os pesticidas usados nas lavouras pode ter provocado o problema. Veja mais aqui

Fonte: Wikipedia

 
 
 

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